Por Fernada Franz
Há quatro anos Julinho tem defendido o pavilhão da Vila Isabel junto com a porta-bandeira Rute Alves, ele conversou com O AbreAlas para contar um pouco de sua trajetória, declarar seu amor pela escola e sua fé.
Ser filho do saudoso compositor Velha da Portela, de uma doce dama que integrou a 1ª Comissão de Frente com mulheres na Imperatriz Leopoldinense e afilhado da grande porta-bandeira da Portela Wilma Nascimento, não deixa dúvidas do por que do respeito conquistado e profissionalismo se o mestre sala sempre deu ouvidos aos conselhos que recebeu para amadurecer e melhor se apresentar entre os sambistas.
Envolvido pelo talento da porta-bandeira e madrinha conhecida como “Cisne da Passarela” e pelo casal Chiquinho e Maria Helena na Imperatriz (a quem assistia por ser cria de Ramos), ele estreou na avenida como mestre sala da escola mirim Corações Unidos Ciep com dez anos, recebendo apoio dos baluartes Xangô da Mangueira, Machine – um dos seus mestres e considerado o Síndico da Passarela - e de seus pais.
Segundo o compositor Velha Nascimento, um homem devia ter humildade e simplicidade para ser bem quisto no mundo do samba, e estudar é fundamental; vista toda a luta e preconceito sofrido pelos sambistas da época, Julinho seguiu o conselho, dedicou-se a dança e hoje é formado em Educação Física pela Uerj.
Julinho falou sobre sua experiências marcantes na avenida e sua relação com a escola de Noel Rora.
-Tive a honra de dançar com a Wilma na Tradição de 1990 a 1992 e depois com sua filha de 1993 até 1995 na mesma escola.
Julinho foi mestre-sala da Viradouro de 1996 a 2005, ano em que recebeu o primeiro convite para integrar a equipe da Vila, mas estava comprometido com a Viradouro. Dois anos depois se rendeu ao convite de Rute Alves em março de 2007 para ser o seu par. Ele guarda com carinho as lembranças do início da história de amor com a escola, com a comunidade, do momento de reestruturação pelo qual passava a agremiação e de como foi acolhido.
Da relação com a porta-bandeira e amiga, ele destacou a importância da cumplicidade entre o casal, que dançando juntos há quatro anos, mantém um laço de carinho, respeito e maturidade como se fosse um casamento.
Na avenida, o entrosamento é tão intenso que dispensa as palavras; carrega consigo uma imagem do protetor e confidenciou que faz com a Rute, uma oração particular antes de entrar na Sapucaí.
“ Sou muito feliz aqui na Vila Isabel. Não preciso só ter um talento, represento uma bandeira e me sinto responsável por essa imagem. Hoje, a Vila não vive só pela força da comunidade, ela tem uma administração que trabalha por seu sucesso”, contou Julinho.
O mestre–sala católico fervoroso, é devoto de São Jorge
Em 2007, quando chegou na azul e branca, Julinho descobriu que seria pai, mas infelizmente sua esposa sofreu aborto espontâneo poucos dias depois.
“Esta foi a única vez em que não estivemos presentes na procissão do santo”, lembra o mestre sala.
No entanto, o desejo de ter um filho foi incluído nas orações do casal e quatro meses depois essa benção, tão especial, selava de vez sua relação de fé com o santo guerreiro; grávida pela segunda vez no mesmo ano, sua esposa deu a luz a Jorge Henrique, que nasceu dia 23 de abril de 2008 para completar a alegria e realização no ano de sua estréia pela escola de Noel.
Retomados os ensaios para o carnaval de 2012, Julinho promete continuar aplicado em busca das notas máximas do quesito que representa e conta com a sorte de uma consciência em comum do casal que vê com seriedade o novo trabalho e a busca de um ideal que é o campeonato.