domingo, 14 de agosto de 2011

‘Sou muito feliz aqui’

Por Fernada Franz

Mestre Sala Julinho e seu filho
Foto: Fernanda Frantz




















Há quatro anos Julinho tem defendido o pavilhão da Vila Isabel junto com a porta-bandeira Rute Alves, ele conversou com O AbreAlas para contar um pouco de sua trajetória, declarar seu amor pela escola e sua fé.


Ser filho do saudoso compositor Velha da Portela, de uma doce dama que integrou a 1ª Comissão de Frente com mulheres na Imperatriz Leopoldinense e afilhado da grande porta-bandeira da Portela Wilma Nascimento, não deixa dúvidas do por que do respeito conquistado e profissionalismo se o mestre sala sempre deu ouvidos aos conselhos que recebeu para amadurecer e melhor se apresentar entre os sambistas.

Envolvido pelo talento da porta-bandeira e madrinha conhecida como “Cisne da Passarela” e pelo casal Chiquinho e Maria Helena na Imperatriz (a quem assistia por ser cria de Ramos), ele estreou na avenida como mestre sala da escola mirim Corações Unidos Ciep com dez anos, recebendo apoio dos baluartes Xangô da Mangueira, Machine – um dos seus mestres e considerado o Síndico da Passarela - e de seus pais.

Segundo o compositor Velha Nascimento, um homem devia ter humildade e simplicidade para ser bem quisto no mundo do samba, e estudar é fundamental; vista toda a luta e preconceito sofrido pelos sambistas da época, Julinho seguiu o conselho, dedicou-se a dança e hoje é formado em Educação Física pela Uerj.


Julinho falou sobre sua experiências marcantes na avenida e sua relação com a escola de Noel Rora.

-Tive a honra de dançar com a Wilma na Tradição de 1990 a  1992 e depois com sua filha de 1993 até 1995 na mesma escola.

Julinho foi mestre-sala da Viradouro de 1996 a 2005, ano em que recebeu o primeiro convite para integrar a equipe da Vila, mas estava comprometido com a Viradouro. Dois anos depois se rendeu ao convite de Rute Alves em março de 2007 para ser o seu par. Ele guarda com carinho as lembranças do início da história de amor com a escola, com a comunidade, do momento de reestruturação pelo qual passava a agremiação e de como foi acolhido.

Da relação com a porta-bandeira e amiga, ele destacou a importância da cumplicidade entre o casal, que dançando juntos há quatro anos, mantém um laço de carinho, respeito e maturidade como se fosse um casamento.  

Na avenida, o entrosamento é tão intenso que dispensa as palavras; carrega consigo uma imagem do protetor e confidenciou que faz com a Rute, uma oração particular antes de  entrar na Sapucaí.

 “ Sou muito feliz aqui na Vila Isabel. Não preciso só ter um talento, represento uma bandeira e me sinto responsável por essa imagem. Hoje, a Vila não vive só pela força da comunidade, ela tem uma administração que trabalha por seu sucesso”, contou Julinho.

















O mestre–sala católico fervoroso, é devoto de São Jorge

Em 2007, quando chegou na azul e branca, Julinho descobriu que seria pai, mas infelizmente sua esposa sofreu aborto espontâneo poucos dias depois.

 “Esta foi a única vez em que não estivemos presentes na procissão do santo”, lembra o mestre sala.

No entanto, o desejo de ter um filho foi incluído nas orações do casal e quatro meses depois essa benção, tão especial, selava de vez sua relação de fé com o santo guerreiro; grávida pela segunda vez no mesmo ano, sua esposa deu a luz a Jorge Henrique, que nasceu dia 23 de abril de 2008 para completar a alegria e realização no ano de sua estréia pela escola de Noel.

Retomados os ensaios para o carnaval de 2012, Julinho promete continuar aplicado em busca das notas máximas do quesito que representa e conta com a sorte de uma consciência em comum do casal que vê com seriedade o novo trabalho e a busca de um ideal que é o campeonato.



sábado, 13 de agosto de 2011

Talento e juventude a serviço da Estácio de Sá

Por Leandro Bonifácio

Marcus Vinícius Batista Ferreira, mais conhecido como Marcos Ferreira, é o carnavalesco mais novo em atividade.

O artista tem 27 anos e há dois anos assina o carnaval da Estácio de Sá. Completam a equipe os assistentes de criação Cláudio Almeida, Bruno Laíza, Letícia Fiúza, que também exerce a função de secretária e cerca de 40 funcionários de barracão, entre eles: Ferreiros, carpinteiros, pintores.

Marcus ganhou o prêmio de revelação do grupo de acesso melhor figurino e melhor destaque.

 Recebeu prêmios no carnaval virtual, do qual é carnavalesco. Já trabalhou com Jaime Cezário, Severo Luzardo, que hoje está no Império da Tijuca e fez trabalhos para Mauro Quintaes e Paulo Barros.
 Em 2009 assumiu a Mocidade de Vicente de Carvalho no grupo C e conseguiu levá-la à Sapucaí. No ano seguinte manteve a escola no mesmo grupo, fato inédito para a escola. Em seguida assumiu a Estácio de Sá e obteve a 3ª colocação com o enredo “Rosas”.

Em entrevista ao site OABRELAS, ele nos conta um pouco da sua trajetória.

Para Marcus, renovação no carnaval é importante e tem de ter profissionalismo.
“Levo com muito profissionalismo, graças a Deus por onde passei consegui resultados. Renovação no carnaval é importante, eu e a escola recebemos muitas críticas esse ano por causa da minha pouca idade. Porém todos viram que o jovem soube fazer um carnaval a altura da escola” disse.
Na Estácio de Sá já passaram grandes carnavalescos, que

hoje têm seus nomes gravados na história do carnaval. Rosa Magalhães, Max Lopes, Mário Borrielo, Sylvio Cunha são alguns deles. Marcus não vê como peso estar onde esses artistas passaram.

“Hoje as pessoas me vêem como carnavalesco da Estácio pelo carnaval que foi meu cartão de visitas na escola. Eles confiam no Marcus Ferreira como carnavalesco da escola. Não vejo como peso passar onde passaram vários carnavalescos consagrados, peso é você fazer Intendente Magalhães sem dinheiro”, comentou.

O enredo “Luma de Oliveira – Coração de um país em festa” foi sugerido pela diretoria da Estácio, que tem uma relação próxima com a homenageada. Em comum acordo com Luma, o carnavalesco não vai mostrar a vida da estrela na avenida. Marcus Encontrou outra solução para o tema, que segundo ele, vai ser uma brincadeira carnavalesca.

“Imaginaram que seria a vida pessoal e profissional dela, mas a Luma pediu que só fosse retratado o carnaval e era a proposta que eu tinha. Descobri um texto do João Bosco I Give Love, de 1988, que fala da expectativa do brasileiro ao ver a Luma na Avenida. O carnaval da Estácio vai ser carnavalesco, com figurino de carnaval. Vamos brincar com as manifestações folclóricas carnavalescas”, explicou.

O carnavalesco da vermelha e branca do Morro de São Carlos adiantou que a escola vai desfilar com cinco alegorias e o abre-alas será acoplado. Cerca de 50 figurinos em 25 alas mistas para contar como blocos e bandas vão chegar ao Rio de Janeiro. O trabalho no barracão já começou. Desta forma Marcus pretende ter mais calma na preparação.   

“Estamos na fase final de projeto dos figurinos. Começamos a desmontar as alegorias mais cedo do que no ano passado. Esse mês vamos subir um carro na parte de ferragem iniciando pelo abre-alas. Estamos empenhado e cumprindo a cronologia passada à direção do carnaval. Assim vamos ter mais calma na preparação”,comemorou.

Luma de Oliveira virá no último carro ao lado de mestre Ciça, hoje na Grande Rio, mas eterno mestre da bateria “Medalha de Ouro” como destaca o carnavalesco. Marcos promete um carnaval mais limpo e mais criativo para 2012, com uma mudança nas cores para justificar o enredo sem esquecer do vermelho e branco, cores da Estácio. Outras promessas e apostas do jovem são mudanças na plástica do desfile, leveza e bom gosto sem exageros. Mais criatividade nas escolhas de materiais e figurinos para acertar no final.

Coordenada ou Box se der. Explicação passo a passo do enredo.

Para acabar com as dúvidas em relação ao que vai ser abordado no desfile, Marcus Ferreira explicou passo a passo como vai preparar os setores da escola para 2012, uma grande brincadeira entre várias manifestações folclóricas do Brasil.

“Como rainha de bateria, foliã e imagem do carnaval carioca ela é imbatível. Luma sempre respeitou o espaço da Avenida, vamos fazer uma brincadeira e convidar todas as manifestações carnavalescas do Brasil para virem ver a Luma passar.

 Primeiro vem o maracatu, bumba-meu-boi, frevo e os caboclinhos, quem os recebe são os Clóvis, na Avenida Rio Branco que é o reduto deles. O Clóvis é uma manifestação folclórica, carnavalesca carioca, a Rio Branco se torna palco de chegada dessas manifestações.

Em um segundo momento chegam os ritmos afros, o Olodum, a Timbalada o Ileayê, os Filhos de Gandhi e o Povo de Gueto, todos são recebidos na Lapa pelo Orunmilá que é uma banda de ritmo afro e desfila no carnaval carioca. Depois chegam os blocos e bandas de embalo, vêm o Galo da Madrugada, Bacalhau do Batata, bloco dos esfarrapados, de São Paulo, que se juntam obviamente à Banda de Ipanema, Monobloco, Suvaco do Cristo.

Todos são recebidos pelo Cordão da Bola Preta, na Cinelândia, onde se reúnem milhares de foliões no sábado de carnaval. Depois todos vão à Sapucaí, que é o coração de um país em festa, como diz o texto do João Bosco. A bateria é o coração de uma escola de samba, os ritmistas também serão homenageados, faz-se um cortejo para ver a Luma passar. Ela vai ser recebida pelo mestre Ciça, eterno mestre da bateria Medalha de Ouro, como é conhecida a bateria da Estácio, ele vai ser o mestre de cerimônia na chegada dela ao desfile da Estácio, no último carro”, finalizou.