quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Diego Nicolau - compositor e intérprete, dupla jornada

POR ARTUR BERNARDES


Foto: Arquivo Pessoal

Após a escolha do enredo e a entrega da sinopse para os compositores, começa a marotana da montagem de parcerias e contratações de intérpretes para gravar e defender os sambas nas apresentações.

Sem sombra de dúvidas, para o compositor, a entrega de sua obra é um alívio; uma vez que, não satisfeito em compor para apenas uma escola, ele se aventura integrado a outras parcerias e escrevendo para várias escolas.

Um intérprete nunca fica distante do samba, além de defender as cores de uma agremiação - oficialmente-, aproveita essa época do ano para faturar uma renda extra e se apresentando nos cortes de sambas das co-irmãs. Estão presentes nos Grupos Especial, de Acesso A, B  e muitos no carnaval Paulistano.

Envolvido nessa situação, o nosso entrevistado, além de compor e cantar nas disputas em várias escolas, também acumula a função de intérprete contratado por outros compositores.

Diego Nicolau, em entrevista ao OABREALAS,  nos mostra como é complicado, difícil e ao mesmo tempo saboroso e interessante a dupla jornada de figurar como compositor  e intérprete de sambas concorrentes.


"Comecei a compor com 21 anos de idade ", declarou.

Sua primeira participação foi na disputa para o enredo do Shopping, na Acadêmicos do Cubango, estreando como  finalista com seus parceiros Marcelo Camões, Gustavo Soares (hoje meu parceiro na Mocidade Independente) e Douglas Lima. Diego não parou mais e seguiu demonstrando o seu talento e amor pelo samba.

"Para compor samba enredo, não existe fórmula certa, no entanto, é primordial ter um bom intérprete defendendo o seu samba."

Foto: Arquivo Pessoal



Após decidir cantar - ainda que fosse como integrante do coro-, além de escrever,  ele aprendeu a usar as  técnicas adquiridas na experiente carreira em disputas de concursos de obras concorrentes e nos esclareceu algumas dúvidas sobre o processo de composição de um samba.

- Na verdade, um roteiro de composição pode tomar várias formas, não há uma fórmula pronta. Por vezes se recebe o convite de um parceiro, de um amigo ou existe a identificação com o enredo... Enfim, são possibilidades. Eu adoro compor em parcerias onde o samba é feito com um bom clima, em reuniões de amigos onde cada um traz a sua idéia e vamos adaptando a fim total interação. Individualmente, costumo compor bastante em casa - na madrugada principalmente-, mas ideias de letra e melodia nos vêm à mente em diversas circunstâncias, as tento guardar e gravar para não perder. (risos)



Segundo nosso entrevistado, é de suma importância a contratação de um bom intérprete para "dar vida" à sua obra musical, muitas vezes se tem um belo samba, mas que não encaixa com a melodia ou com o timbre de voz do intéprete escolhido.

- É imprescindível, principalmente hoje, em tempos de internet, onde seu samba é ouvido ao redor do mundo através da grande rede. É inegável que uma gravação bem feita, com um  cantor competente que valorize sua melodia. E na quadra não é diferente, não só um bom cantor, como um bom time de vozes de apoio e cordas. Considero a concorrência na parte musical mais importante de todas, acho que a disputa de samba-enredo deveria valorizar isso e esquecer um pouco as manifestações de torcida. Encerrou ele.


 "Esse ano, programei muito bem para poder me dedicar às disputas"

Um ponto complicado e abordado por Diego, nessa dupla jornada de compositor e ao mesmo tempo  intérprete  de outras parcerias, é o calendário das escolas de Samba.


Estou  compondo na Unidos do Viradouro com meus parceiros (Diego Moura, Renan Gêmeo, Rodrigo, Felipe Filósofo, Fernando Johara e PC Portugal); na Mocidade Independente em parceria com( Gabriel Teixeira e Gustavo Soares) e na Difícil é o Nome com (Rafael Mikaiá, Rico Bernardes, Pato Roco, Diogo Ribeiro e Junior Borbô).

Ele o considera muito apertado, quando permite marcar 3 ( três) finais no mesmo dia, como por exemplo as  final na Mangueira, Grande Rio e Renascer de Jacarepaguá.

Como dividir-se para  cantar os sambas com as parcerias com quem mantem contrato e apresentar  seu próprio samba? 

- Isso foi algo que me retirou das disputas no ano passado. A partir do momento que você coloca seu nome numa composição, é automática a obrigação de se dedicar a ele. Este ano, resolvi que deveria concorrer também como compositor, aí comecei a me organizar. Conversei com meus parceiros e vimos que seria inviável me dedicar nas apresentações de outras equipes que não estivessem relacionadas a parte musical e está dando tudo certo até aqui. Espero que tenha feito a escolha certa.

Foto: Arquivo Pessoal


- Paralelo a função de cantor na disputa da Portela - com Ciraninho, Diogo Nogueira, Rafael dos Santos, Leandro Fregonesi e Cláudio França -; no Salgueiro - com Marcelo Motta, Tico do Gato, Ribeirinho, Dílson Marimba, Domingos PS e Diego Tavares -; na União da Ilha - com Walkir, Jeferson Martins, Hebert Rocha, Carlinhos do Sete e Fábio Bastos-; gravei também os sambas 67-D na Mangueira e dos atuais campeões Edinho, Diego do Carmo, Wisley da Cuíca, Coutinho, Luiz Thiago e Daniel Barbosa, na Rocinha. 




 
 

  



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